sábado, 23 de fevereiro de 2008

I don't can cry

Saber chorar parece tão facíl.
Pra quem sinta dor.
Pra uma criança qualquer.
O pior é que o certo não é saber chorar.
Choramos por necessidades, motivos multiplos.
Infelismente eu carrego comigo todos os motivos.
Não é que eu não sei.
É "só" que eu não consigo.
Um "só" tão profano.
Tudo emudece.
Simplismente : O sol não tem cor quando se estica em dia nublado e não me colore nenhum ponto de vista. Simplesmente fura o bloqueio das nuvens e caminha na claridade, ignorando a ausência de chuva.
É quando padecem de indigência os líquidos - esvaziados até de um simples pingo - e a saudade é o único rumor que se ouve nas conchas.
As ilhas Cagarras - rochas leais ao estado de pedra - coroam um mar impassível que, na praia, é íntimo de palmeiras que ondeiam, aquecendo memórias e desejos.
Não há plantações na beira do morro Dois Irmãos, entretanto a relva que recobre a areia exubera intensa fertilidade, numa linguagem varrida de palavras.
Talvez um ar assim, por demais corrompido de lugares comuns, termine por deflorar círculos viciosos; talvez eu venha a colher da brisa um tempo que corra mais célere; talvez eu precise exercer o dizer profano num verbo qualquer, ainda que abreviado da poesia que me silencia os sentidos.
É uma época hábil em parênteses chuvosos, cinza digital a ocupar - em humidades ligeiras - a lentidão das horas ressecadas.
As lagrimas não caem.
Talvez o céu chore por mim.

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