domingo, 10 de fevereiro de 2008

Armagedon

Por Helio Baragatti Neto

Todas as mensagens já foram enviadas,
Todas as palavras já foram proferidas,
Todas as mentiras já foram contadas,
Todas as verdades já foram concebidas.

Todas as letras já foram compostas,
Todas as canções já foram cantadas,
Todas as soluções já foram propostas,
Toas as histórias já foram narradas.

Todos os ideais já foram proclamados,
Todos os textos já foram escritos,
Todos os poemas já foram declamados,
Todos os provérbios ja foram ditos.

Todos os livros já foram publicados,
Todas as paisagens já foram declamados,
Todos os discos já foram lançados,
Todas as teorias já foram estudadas.

Todas as mazelas já foram denunciadas,
Todas dúvidas já foram esclarecidas,
Todas as novidades já estão ultrapassadas,
Todas as transgressões já foram cometidas.

Todas as distâncias já foram encurtadas,
Todos os abismos já foram superados,
Toda a anarquia já foi instituída,
Todos os mares já foram navegados.

Todos os planetas já foram descobertos,
Todas as geleiras já foram foram derretidas,
Todos os escândalos já foram encobertos,
Todas as virtudes já foram esquecidas.

Todas as guerras já foram declaradas,
Todos os acordos já foram assinados,
Todas as memórias já foram sepultadas,
Todos os povos já foram escravizados.

Todas as instituições já foram corrompidas,
Todos os crimes já foram perdoados,
Toda crueldade já foi instituída,
Todos os martírios já foram experimentados.

Todas as leis já foram infringidas,
Todas as violências já foram praticadas,
Todas as ciências já foram desmentidas,
Todas as culturas já foram dizimadas.

Toda intolerância já se tornou rotina,
Todos os preconceitos já estão enraizados,
Toda injustiça impera na surdina,
Todos os inocentes já foram condenados.

Todas as notícias já foram manipuladas,
Toda liberdade já foi destruida,
Todas as vozes já foram silenciadas,
Toda a esperança já foi perdida.

Toda a natureza já foi devastada,
Todas as espécies já foram extintas,
Todas as florestas já foram desmatadas,
Pinta-se um mundo envolto em obscuras tintas.

O que era subliminar tornou-se claro,
Agoniza o amor em todos os corações,
O sonho de mudança é cada vez mais raro,
Os homens matam Deus com suas ações.

E o que resta à humanidade,
Além de inércia e mediocridade ?
Carregar o peso de suas culpas,
Pois, como o mundo, acabaram-se-lhes as disculpas.

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