sexta-feira, 6 de junho de 2008

Segredos


Todo poeta se preocupa com a forma pelo qual o seu poema será lido e entendido.

Se preocupa se vai acrescentar algo à alma complexa do seu leitor.

Se o leitor lerá com olhos laminados, ou se lerá como se lê uma receita de bolo.

Se haverá ali naquelas linhas tortas o que é assombroso, ou tranqüilizante, tão sereno e chato que o faça sentir sono.

Queria escrever algo que causasse pesadelos, não o sei escrever. Meu “bom senso” nessas horas sempre se faz sujo pra que eu não tenha a consciência limpa. É melhor nem tentar.

Pura tolice.

E ainda pensam que eu quero sangue, que eu quero o mal, que eu seja o mal em pessoa, só porque viajo um pouco na maionese, por ser as vezes sínico e me fingir de louco. Talvez eu seja mesmo um louco, talvez por não medir minhas palavras, por vezes não pensar antes de abrir a maldita boca, e botar essa língua fatigada e mortal pra dançar.

Eu aposto que o que todo mundo procura são homens bons. Sábios, honestos, corretos.

A verdade é que não salva ninguém. Todo mundo querendo ser perfeito, todo mundo querendo ser bom, mas sempre tentando ser melhor que o outro, ser melhor que o outro já basta na maioria dos casos, uma competição lastimável. Todo mundo tem embutido em si desejos obscuros, tão ocultos que nem mesmo eles sabem, uma hora a ficha cai. A verdade é que dentro de cada craniozinho os miolos uma hora se corrompem e são por instantes vermes inoculados enlouquentes.

Se você me contasse seus segredos mais obscuros, deixariam de ser seus, e deixariam de ser segredos, e deixariam de ser obscuros. É importante serem guardados a sete chaves, são sua arte, te completam e o tornam único. Não se preocupe com sua aparência, ela não te detem a nenhuma classe, e seu chase não favorece na sua captura.

Já faz tempo. Faz mesmo muito tempo, não tenho preocupado mas em sorrir. Nem me preocupo mais em entender ou não a piada, nem na essência dela.

“Dois frangos voavam no céu azul, o primeiro vira pro outro e diz: Cara... Frangos não voam, e imediatamente cai e morre, e o outro continua voando.Porque ele continua voando ? R: Porque ele era um frango à passarinho.”

E o meu riso rasga o silencio, e o silencio é tudo que eu quero, e o silencio é abafado com o meu riso. E de tanto rir vem o soluço, e de tanto soluçar vem o choro, soluçando e chorando vem o desespero, e no desespero sai o grito, e o grito rompe o meu precioso silêncio. Sozinho em casa assistindo o céu chorar também, o céu também dá o seu grito, o seu trovão me assusta e tudo aquilo:

- O silencio, o riso, o soluço, o choro, o grito vão se embora.

As estrelas cobertas pelas nuvens de chuva. O que estariam pensando cada uma delas ?

A lua calada resguardada no seu silêncio, ainda guarda consigo seus segredos loucos e seus desejos mais obscuros.

- Será que saturno me dará um de seus anéis quando me pedir em noivado ?

- Será que ele me pedirá em noivado ?

- Quando ele me pedirá em noivado ?

- Vai demorar muito ?

- Ai meu DEUS !

- Aí! Eu não sei, será que ele me acha fútil ?

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