segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ela se foi

Você sabe que ela existe, ela deve estar lá, não a vi saindo, ela não me abandonaria, logo ela a quem me apeguei tanto. Deve ter se envergonhado de mim, afinal não a tratei como merecia, roubei o mérito que era dela e nem sequer a mencionei em minhas palavras, sou tão frio que as palavras saem como blocos de gelo e por falar baixo elas atingem somente aos meu próprios pés. Tenho pés roxos!

Ela nunca abriu meus olhos, e eu deveria ter percebido sozinho, afinal, é pra isso que servem as expectativas. Você as cria e assim que consegue quebrá-las você pode colocar a culpa em quem não as tinha, pura tecnologia social. Lembro quando ela aparecia do nada, em momentos de embriaguez ou solidão, era divertido ela era tão suave e paciente comigo, eu tinha dificuldade em algo e ela me esperava, esperava... até que eu conseguisse assimilar.

Ao final de tudo que ela me mostrava eu sentia orgulho, mas não orgulho dela, o orgulho era meu, eu a roubava todas malditas vezes. E ela não abriu meus olhos, apenas foi embora, com lágrimas nos olhos que não eram de tristeza, mas de piedade.
 
Foi-se embora, com lágrimas nos olhos de piedade. Foi-se embora minha "criatividade".

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