Ja sentiu como se o hoje fosse um prelúdio, o amanhã nunca chega e a vida é uma eterna espera, não que a espera seja ruim ou que o que se busca seja melhor do que se tem, apenas querer tudo que se pode ter tudo que está tão perto de suas mãos mas não se pode alcançar, seria o presente e o futuro um grande cachorro atrás de seu rabo?
Tanta reflexão sobre os sentimentos e as desilusões trazidas por esses, tanta angústia e sentimento de incapacidade, alimentam uma grande perspectiva do que possa estar por vir. Normalmente a frustração é o único objetivo que se torna constantemente alcançado, com ou sem esforço.
Consentimento, a cabeça se abaixa num gesto pensado e submisso, por um momento ou por toda uma vida aceitamos mudar por algo ou alguém, nesse momento não importa o que somos e o que seremos, apenas agradar é o que realmente importa. Mais uma vez corremos em circulos sem saber.
Quando muito tempo atrás o olhavam com encanto ele acreditava, mal sabia o que iria saber, mal sentia o que realmente o iria assustar, não se importavam, ainda não se importam, o mundo os parece tão pequeno que para eles sua soberania é algo indiscutível, variações de comportamento são normais, muito normais, eles são a normalidade. Como se uma linha reta e bem formada fosse visível a todos, separando o bem do mal, a sorte do azar e os fortes dos fracos. Talvez esteja agindo como eles ao ter idéias que julgo mais certas ou mais erradas, apenas uma visão daquilo que não se explica, mas que se sente, e eis que me sinto assim, coagido a viver num mundo onde
as regras não são feitas para mim ou para outro qualquer que seja, mas sim regras cujo objetivo é impedir o futuro de se tornar realidade, porque nada mais é o futuro senão os sonhos e os desejos de todos.
Me canso as vezes, tantas falhas, tantos desenganos, tantas esperanças perdidas; aprender é o que mantém a vida como um estado transiente, dia após dia, mesmo assim, no entanto, temos a impressão de uma grande recorrência onde o pior começo está sempre mais próximo que a grande, ou até mesmo a menor, vitória. Não venha dizer pra não desistir, cada um tem seu momento diriam os ignorantes, estou cansado dessa ilusão e não canso de pensar e tentar buscar explicações para tamanha falta de
atitude em relação ao que acreditar, o que ser. Medo de ilusões, medo de mudanças, medo de histórias, medo de estigmas, nada disso é real “ser o que se quer ser”, conceber suas proprias idéias, acreditar no que lhe parece verdadeiro, enfim ter uma identidade. A identidade pode não ser única, claro, muitos podem concordar comigo a maioria não, isto é um exemplo, mas me enoja a capacidade de se subjugar diante de algo incerto ou inventado.
Me sinto frustrado ao perceber que nem tudo é tangivel, o que lhe parece perto pode estar bem distante, cobranças, cobranças, pagamentos, pagamentos nada altera a direção, perto ou distante ainda sim me sinto um fraco, nenhuma meta cumprida totalmente, sempre há algo de errado sempre falta o fim triunfal, mesmo que não sendo um fim. De repente esse seja o destino, palavra essa que devia inexistir, de repente uma vida de busca infinita seja a real conclusão, pensando assim chegamos ao ponto, o esforço nunca será bem recompensado, a vitória será sempre a mais suave derrota, o fim será sempre um mascarado recomeço ou uma forma de enganar os idiotas que assim continuariam a insistir em algo chamado vida.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Prelúdio do amanhã
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