quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O tempo não é o mesmo ...

É... o tempo passa para todos, como o vento, levando pra longe um dia nublado, ele nos trás o conhecimento, observando a vida é simples perceber, não menos simples é se revoltar. Sonhos se transformando em grandes fracassos, pequenas esperanças alimentando grandes desilusões; nossas imperfeições e fracassos realmente nos torna pessoas melhores? Não.

Vivemos em mundo individualista, nossas relações e sentimentos raramente ultrapassam a barreira do "ver para crer" e apesar da insistente tentativa de nos iludir dizendo conhecer o verdadeiro sentido do que é o amor, o que é amizade e o que merece, ou não, compaixão; tais afirmações somente são úteis
para fortalecer um sentimento individual de superioridade e separação que de nada ajuda a incrementar o real sentido de tais adjetivos.

Lidar com toda essa bagagem de conhecimento, que de certa forma nos é imposta é uma grande dificuldade, é o que posso dizer quanto a mim, não vejo muitas pessoas se dando conta do mesmo problema; existe um certo consenso geral sobre o qual todos devem estar de acordo, perguntas com respostas pré-definidas, substantivos "abstratos" com significados tão sólidos quanto tudo o que pode
ser visto e tocado.

Esse é o padrão. Então me faço outra pergunta: "Ei, você se sente livre?", a visão superficial "padrão" nos diria que sim, você pode fazer o que bem entender de sua vida, desde que seus atos não prejudiquem a outras pessoas; em certos momentos eu até me sentiria melhor se conseguisse enchergar ao meu redor um mundo de regras tão simples, mas como esse não é o caso me contento em dizer
que também não acredito na liberdade (esse é o problema das palavras, hoje em dia elas não mais representam a semântica para a qual foram criadas), ser livre é algo que comumente consideramos "bom", a contradição está no fato de que a liberdade em sua totalidade não é desejada e se não pode ser tratada em sua totalidade ela simplesmente não existe, ficaríamos surpresos se pudessemos
conhecer todas as restrições que nos são impostas, sejam elas políticas, judiciais, culturais. Mas por que entrei nesse "buraco de minhoca"? O ponto é: Por que o meu vermelho tem que ser igual ao seu vermelho? por que tenho que suportar ser julgado por pensamentos individuais, os quais, somente me fazem algum sentido pelo fato de estarem associados a alguém? Não me adapto ao fato de a sociabilidade de um indivíduo ou qualquer outra característica pessoal que possa ser considerada um ponto fraco ser alvo tão constante de ataques desesperados por razão. Talvez fosse menos doloroso não fosse o fato de apenas pessoas importantes saberem como utilizar a bala de prata.

Prelúdio do amanhã

Ja sentiu como se o hoje fosse um prelúdio, o amanhã nunca chega e a vida é uma eterna espera, não que a espera seja ruim ou que o que se busca seja melhor do que se tem, apenas querer tudo que se pode ter tudo que está tão perto de suas mãos mas não se pode alcançar, seria o presente e o futuro um grande cachorro atrás de seu rabo?

Tanta reflexão sobre os sentimentos e as desilusões trazidas por esses, tanta angústia e sentimento de incapacidade, alimentam uma grande perspectiva do que possa estar por vir. Normalmente a frustração é o único objetivo que se torna constantemente alcançado, com ou sem esforço.

Consentimento, a cabeça se abaixa num gesto pensado e submisso, por um momento ou por toda uma vida aceitamos mudar por algo ou alguém, nesse momento não importa o que somos e o que seremos, apenas agradar é o que realmente importa. Mais uma vez corremos em circulos sem saber.

Quando muito tempo atrás o olhavam com encanto ele acreditava, mal sabia o que iria saber, mal sentia o que realmente o iria assustar, não se importavam, ainda não se importam, o mundo os parece tão pequeno que para eles sua soberania é algo indiscutível, variações de comportamento são normais, muito normais, eles são a normalidade. Como se uma linha reta e bem formada fosse visível a todos, separando o bem do mal, a sorte do azar e os fortes dos fracos. Talvez esteja agindo como eles ao ter idéias que julgo mais certas ou mais erradas, apenas uma visão daquilo que não se explica, mas que se sente, e eis que me sinto assim, coagido a viver num mundo onde
as regras não são feitas para mim ou para outro qualquer que seja, mas sim regras cujo objetivo é impedir o futuro de se tornar realidade, porque nada mais é o futuro senão os sonhos e os desejos de todos.

Me canso as vezes, tantas falhas, tantos desenganos, tantas esperanças perdidas; aprender é o que mantém a vida como um estado transiente, dia após dia, mesmo assim, no entanto, temos a impressão de uma grande recorrência onde o pior começo está sempre mais próximo que a grande, ou até mesmo a menor, vitória. Não venha dizer pra não desistir, cada um tem seu momento diriam os ignorantes, estou cansado dessa ilusão e não canso de pensar e tentar buscar explicações para tamanha falta de
atitude em relação ao que acreditar, o que ser. Medo de ilusões, medo de mudanças, medo de histórias, medo de estigmas, nada disso é real “ser o que se quer ser”, conceber suas proprias idéias, acreditar no que lhe parece verdadeiro, enfim ter uma identidade. A identidade pode não ser única, claro, muitos podem concordar comigo a maioria não, isto é um exemplo, mas me enoja a capacidade de se subjugar diante de algo incerto ou inventado.

Me sinto frustrado ao perceber que nem tudo é tangivel, o que lhe parece perto pode estar bem distante, cobranças, cobranças, pagamentos, pagamentos nada altera a direção, perto ou distante ainda sim me sinto um fraco, nenhuma meta cumprida totalmente, sempre há algo de errado sempre falta o fim triunfal, mesmo que não sendo um fim. De repente esse seja o destino, palavra essa que devia inexistir, de repente uma vida de busca infinita seja a real conclusão, pensando assim chegamos ao ponto, o esforço nunca será bem recompensado, a vitória será sempre a mais suave derrota, o fim será sempre um mascarado recomeço ou uma forma de enganar os idiotas que assim continuariam a insistir em algo chamado vida.

O ser titubeia

  Nunca devemos supor que o outro tenha sempre algo sábio e bem pensado a dizer, às vezes o ser se esquece do objetivo da fala durante a prá...